quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Não podíamos nos calar diante a tanto desmando no senado.


Estarrecidos, assistimos mais uma vez a depredação da instituição republicana estampar as capas dos jornais: trata-se, novamente, da expressão do patrimonialismo na política brasileira.
Se não bastasse , muito espanto causa a postura inerte da sociedade civil diante desses fatos. Por que não se escandaliza o cidadão ao ver a sua coisa – ora, sua coisa enquanto genuína expressão do espírito republicano – ser apossada por aqueles que os deviam representar, mas que acabam por sobrepor os interesses particulares e partidários, em detrimento aos institucionais? A reincidência de escândalos tem feito com que a arte de fazer política, algo visto com admiração desde a cultura grega, passe a ser encarado como algo digno de escárnio.
Ora, apenas será possível vislumbrar uma atuação política mais séria, comprometida e representativa por meio do aperfeiçoamento das regras que dirigem nosso sistema democrático. Postergar a discussão acerca da Reforma Política, esquivar-se de alterar os pontos estruturais por ela versados, é uma absoluta irresponsabilidade, e, por quaisquer motivos que sejam, somente contribui para o aprofundamento dessa crise a que assistimos.

Desta vez, é o Senado Federal que está assolado em denúncias de corrupção. Mau uso do recurso público; edição de atos não publicados que nomeiam e destituem funcionários, elevam e reduzem vencimentos; favorecimento de parentes; distorções em prestações de contas etc. Mais um episódio na política brasileira que demonstra a carência da ética e da seriedade na condução da gestão pública.

É tênue a distinção entre a mera expiação de culpa e a efetiva responsabilização dos culpados. Naturalmente, a atual crise política que se instaurou nas instituições – em tese republicanas - não se personifica na figura do Presidente do Senado Federal, José Sarney. Entretanto, que não se use tal argumento para que o senador passe incólume frente aos atos que cometeu – não se trata de eleger um bode expiatório, mas sim procurar responsabilizar e sancionar aqueles que, de fato, tenha incorrido no ilícito. Diante de tantas questões a serem apuradas, muitas das quais resvalam na figura de José Sarney, torna-se insustentável que, sob a atual Presidência do Senado, as respectivas investigações se dêem de modo a garantir-lhes sua lisura.
A Juventude do PSDB, seguimento que representa a Juventude Tucana de Guarujá, repudia que se gira o dinheiro público através de atos clandestinos; repudia que se use a prerrogativa de representante do povo para satisfação de interesses particulares, ou favorecendo terceiros que lhe sejam próximos; repudia que argumentos como governabilidade ou alianças partidárias eleitorais sejam levados exclusivamente em conta na tomada de decisões políticas – interesses meramente partidários não devem ser motivadores de posicionamentos políticos frente aos escândalos aos quais assistimos; e, por fim, repudia a imoralidade com a qual a política vem sendo levada no País.

Orientado pela idéia de um Estado Democrático de Direito que tenha como base um modelo representativo e republicano de governo, de que tanto se carece em tempos recentes neste País, a JPSDB não poderia permanecer inerte diante de todo esse desrespeito para com a coisa pública. Assim, exige que todos esses atos devem ser devida e seriamente apurados. Mas, para garantir a lisura desse processo, não há condições de que se mantenha a atual presidência do Senado Federal, no decorrer das investigações. Assim, clamamos pelo afastamento do Sr. José Sarney da Presidência do Senado Federal até que os fatos sejam apurados e se responsabilizem os culpados. É preciso que a sociedade civil se mobilize contra qualquer desvirtuamento das instituições democráticas. Exigimos, então, ética, moralidade e espírito republicanos, valores estes que nunca deveriam ter sido esquecidos no cenário político nacional.

Leandro da Costa Silva.
Presidente JPSDB.
Guarujá/SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário